24.12.11

I

 
   
  Dir-se-ia aterrado, o fotógrafo tem de lutar imenso para que a Fotografia não seja a Morte. Mas eu, já objecto, não luto. (...) Mas assim que me descubro no produto desta operação, aquilo que vejo é que me tornei Todo-Imagem, ou seja, a Morte em pessoa.


BARTHES, Roland, A Câmara Clara – Nota Sobre a Fotografia, tradução Manuela Torres, Lisboa, edições 70, 2006, p.31.  
 

4.7.11

C & J






O contorno é o registo da sombra, o indício deixado pela ausência da presença.

A sombra como duplo do real, como uma memória presente do que está ausente.

Sombra esta que só pode ser circunscrita através do contorno da sua silhueta. 

A sombra como vestígio, como evocação de uma memória.

Os meus desenhos aventuram-se a falar de memórias, minhas ou não, de 
existências ou momentos que, através dos desenhos, são novamente transportados
para o presente. Todas as imagens desapareceram dos álbuns, foram apagadas,
como que esquecidas.

Apesar da fotografia ser uma tentativa de preservação da memória, como 
explica Barthes, por vezes é difícil reencontrar pessoas e momentos quando 
olhamos para elas. É sobre esta ausência que penso o meu trabalho.