4.7.11

O contorno é o registo da sombra, o indício deixado pela ausência da presença.

A sombra como duplo do real, como uma memória presente do que está ausente.

Sombra esta que só pode ser circunscrita através do contorno da sua silhueta. 

A sombra como vestígio, como evocação de uma memória.

Os meus desenhos aventuram-se a falar de memórias, minhas ou não, de 
existências ou momentos que, através dos desenhos, são novamente transportados
para o presente. Todas as imagens desapareceram dos álbuns, foram apagadas,
como que esquecidas.

Apesar da fotografia ser uma tentativa de preservação da memória, como 
explica Barthes, por vezes é difícil reencontrar pessoas e momentos quando 
olhamos para elas. É sobre esta ausência que penso o meu trabalho.

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